– Dragão Vermelho –
Deitado na colina jaz um grande dragão…
Poucos percebem sua presença
E ao redor pessoas vem e vão
Outros, sem saber o porquê
Se sentem perturbados, incomodados até
Outros ainda, aproximam-se pé ante pé
Que divina imagem faz o gigantesco corpo
coberto de escamas vermelhas, reluzir ouro
Fera mítica, há muito não se via por aqui
Desperta a curiosidade e fábulas retornam
Cavaleiros, damas e bruxos agora surgem
Junto com o dragão, surgem Feiticeiros e Faunos,
E outras figuras surgidas de algum bestiário do além
Runas são lançadas sobre troncos de antigas árvores cortadas
E um vaticínio nelas é revelado: eis que retorna a Fera!
Fauno e feiticeiro, se aproximam faceiros!
Afinal, a Fera dorme, a Fera Sonha! Que mal podemos fazer?
Pobres diabos, cantam e pulam, e dançam como lhes é próprio
Não percebem que um Dragão jamais dorme completamente…
Do olho semicerrado um brilho surge, frio como aço
Capaz de lhes despir não apenas o corpo, mas a alma
E o que revela os deixa tão ridículos
Que todos aqueles que os conhecem envergonham-se de sua nudez
Pois a deformidade do espírito se revela no corpo
E nada mais lhes resta a não ser o Caminho Torpe e vil
Que algum dia lhes serviu.
O Dragão nem mesmo se move, mas seu olho ainda brilha
Acompanhando o titubear daquelas figuras descendo a trilha
Aguardando que retornem do buraco onde surgiram
E que ali se mantenham como lhes é próprio
Até que em algum momento surjam com nova diabrura
Que os faça de espetáculo para a turba ansiosa
De um espetáculo que os faça rir
Tanto quanto a imagem de sua patética existência já faz
E o Dragão? Este ainda aqui jaz de olho entreaberto
Aguardando o novo momento de lhes trazer novo tormento!…
Anderson Rosa, Frater Goya, o ????
12 de junho de 2014
Sol em 21º Gêmeos, Lua em 6º Sagitário, Dies Mercurii
Na imagem, O Dragão Vermelho e a Mulher Vestida de Sol, de William Blake.