A Verdade

A Verdade

“As
pessoas tentarão compreender-se e me enquadrar em suas palavras.
Elas buscarão a verdade. Mas a verdade sempre carrega consigo a ambigüidade das palavras usadas para expressá-la. (…) Cuidado
com a verdade, gentil Irmã. Embora muito procurada, a verdade pode
ser perigosa para quem a busca. Os mitos e as mentiras tranquilizadoras
são muito mais fáceis de se encontrar e de se crer.
Se você encontra uma verdade, ainda que seja uma verdade temporária,
ela pode exigir-lhe ajustamentos, mudanças dolorosas. Oculte as
suas verdades dentro das palavras.
A ambigüidade natural irá protegê-la, então. As palavras são muito
mais fáceis de se absorver do que as agudas punhaladas délficas
de mudos portentos. Com palavras você pode sempre gritar em coro:
‘Por que não me avisaram?’ “Mas eu os aviso. Eu a avisei, não com palavras, mas com um exemplo.”

– Leto Atreides, O Imperador Deus de Duna, de Frank Herbert.

por: Frater Goya (Anderson Rosa)

An iv15 Sol 7° Leo, Luna 18° Aquarius Dies Lunae
Curitiba, segunda-feira, 30 de julho de 2007 e.v. 16:28

Há algum tempo escrevi sobre uma revelação que tive num contato com anjos enochianos. A natureza dessa revelação, era como na citação acima, ‘dolorosa’. É muito complicado buscar uma verdade, pois na maioria das vezes não queremos ‘A’ verdade, mas apenas uma verdade confortável, que nos permita ficar no mesmo lugar de sempre, acreditando que sempre estivemos certos, enquanto o resto do mundo caminhava na direção errada.

Muitas pessoas vem a mim esperando uma salvação, um porto seguro, uma mão que afaga. Mas no entanto, o que alguns encontram é a perdição, a incerteza do mar em fúria, uma mão que castiga. Em algum lugar no meio do caminho, e não no caminho do meio é que vive a verdade. Poucos a encontram não por ser difí­cil, mas por não saberem o que procuram na verdade, além de si mesmos.

Devo dar a quem nem mesmo conheço um caminho, uma luz? Por que não devo dar-lhes a encruzilhada, a escuridão? Aqueles que acham que toda luz é benéfica, só posso dizer que o branco pode ser tingido. A pureza maculada, e ainda assim, a verdade mantida.

Mas que verdade é essa afinal? Que atinge, fere, tonteia?

É o cântico dos cânticos. É o suave repousar nas emanações d’Aquele a quem nada, a não ser o silêncio, pode expressar. A única bússola que pode orientar na direção correta dessa verdade, é o coração. Mas não qualquer coração!!! Apenas o coração do justo e do perfeito é que encontrará ali o mapa verdadeiro, em que o sinal marca o lugar. Aquele que se sentar no lugar perigoso sem estar devidamente preparado, só encontrará ali desespêro e loucura.

Há vezes em que estar cego é muito mais confortável do que ver.

Na busca pela verdade, é preciso estar disposto a pagar o preço. Ah, você está disposto? Com que facilidade você se compromete pensando isso… Será que a busca deveria ser tratada com tanta leviandade? Deveria ser dada a tal criatura que se move por mero impulso do momento um segredo tão grande que poderia rasgar a sua alma?

Creio que não.

Talvez seja interessante comentar que na ocasião em que homens e mulheres eram unidos num só corpo, o simples ouvir de raspão essa verdade, fez com que esse corpo se dividisse e o ser humano dali para frente sofresse o tempo todo pelo anseio da unidade perdida. Se a humanidade ainda hoje paga tal displicência, quem você acha que é para sequer imaginar poder pagar o preço d´A Verdade? Você que só mente para si mesmo, acha que poderia merecê-la?

Antes de buscar ‘A’ Verdade, descubra aquilo que é verdadeiro para si mesmo. Talvez se surpreenda que a maior parte daquilo que acredita ser verdadeiro, de fato seja apenas herança ou um ‘alguém me disse uma vez’… Olhe para si mesmo e verá que é muito mais outros, do que você mesmo. Limpe toda a imundí­cie que lhe fizeram acreditar o tempo todo como verdade absoluta, e verá que muito pouco restará.

Pense sobre isso. Medite.

Quem sabe o que restar, por mí­nimo que seja, seja um vislumbre d´A Verdade…

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